O Projecto | Área de intervenção | Serra do Caldeirão | 
SIC Caldeirão
SIC Caldeirão
Código da Rede Natura: PTCON0057


O Sítio de Importância Comunitária do Caldeirão encontra-se localizado em plena Serra do Caldeirão, um extenso relevo xisto-grauváquico entrecortado por ribeiras e rios e em vales moderadamente encaixados. A paisagem é dominada por montados de sobro (Quercus suber), com e sem sub-coberto, matagais, medronhais (Arbutus unedo), pastagens e extensas áreas de esteval (Cistus sp), consequência da cultura cerealífera praticada intensivamente a partir da década de 1960, que levou ao empobrecimento dos solos. Nas zonas onde se deu o abandono do sistema agrossilvopastoril tradicional e em regiões mais húmidas ou declivosas é possível encontrar áreas de matagal denso (e.g. carrascos, medronheiros, cistácias), algumas delas praticamente impenetráveis. Actualmente os únicos e poucos terrenos agrícolas que permanecem cultivados encontram-se junto às aldeias, sendo que a maioria deles se destinam apenas à subsistência familiar.

A diversidade e abundância faunística é elevada. Nos ecossistemas ribeirinhos a ictiofauna é diversa e podem ser encontradas espécies como o saramugo (Anaecypris hispanica), a boga-do-Sudoeste (Chondrostoma almacai), que só existe em algumas áreas classificadas da região do Algarve, designadamente no Rio Mira e no Rio Arade, e a boga-de-boca-arqueada (Chondrostoma lemmingii). As galerias ripícolas são igualmente muito importantes para a conservação de várias espécies de carnívoros, como a lontra (Lutra lutra) e o lince-ibérico (Lynx pardinus), funcionando muitas vezes como corredores ecológicos no caso de grandes mamíferos como este.

O Sítio do Caldeirão faz parte das áreas de distribuição histórica do lince-ibérico e, apesar de não existirem registos recentes confirmados desta espécie, as características mantêm-se adequadas para a sua presença ou susceptíveis de serem optimizadas. Neste Sítio ainda se encontram áreas com habitat adequado em alguns vales abruptos e inacessíveis bem preservados, apesar de se terem degradado extensas áreas de habitat devido aos incêndios. A sua localização geográfica, em pleno corredor natural entre áreas onde a espécie ocorre, aumenta a importância e o valor deste Sítio para a conservação do lince-ibérico – a oeste liga às Serras Monchique, Silves e Espinhaço de Cão (importantes áreas de ocorrência histórica de lince-ibérico); a este e nordeste o Sítio estende-se ao Vale do Guadiana e à zona fronteiriça com Espanha, onde ainda existem áreas importantes para o lince.